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EDITORIAL: Um hospital com 110 anos de serviço: entre a história, impasses e a urgência do diálogo

Postado à, 16 dias atrás | 5 minutos de leitura

EDITORIAL: Um hospital com 110 anos de serviço: entre a história, impasses e a urgência do diálogo
A renúncia dos 13 membros do Conselho de Administração do Hospital de Piraju marca mais um capítulo delicado na longa história de uma instituição que há 110 anos presta, de forma ininterrupta, um serviço essencial à comunidade. O hospital permanece funcionando 24 horas por dia, todos os dias, com equipes que se dedicam a cuidar da população — mesmo em meio a dificuldades administrativas, estruturais e financeiras, além de diferenças pessoais.
 
Recentemente, a Folha de Piraju recebeu a visita da filha de um médico que atuou na cidade na década de 1930: Dr. Neutel, que foi diretor clínico da entidade e assinou o atestado de óbito de Ataliba Leonel quando já naquela época o hospital funcionava dia e noite. A lembrança reforça que, apesar das crises, a instituição segue firme em sua missão de cuidar, salvar e acolher.
 
Impasses sempre existiram — e continuarão existindo. Mas também é fato que, nos últimos tempos, foram feitas pequenas, porém significativas melhorias. E como em toda casa, tudo custa. Manter uma estrutura hospitalar ativa exige sacrifício, responsabilidade e compromisso. Por isso, é legítimo perguntar: as críticas feitas hoje são voltadas à instituição ou às pessoas que a representam no momento e movidas pelo gosto, não gosto? Vale uma reflexão porque todos somos adultos e precisamos mudar o olhar para evitar conflitos e querer ter sempre razão.
 
O atual presidente, Bruno, e os membros do Conselho de Administração foram eleitos para estar à frente da entidade e, até aqui, têm honrado compromissos com o município, que se beneficia diretamente dos descontos previdenciários garantidos pelo título de filantropia do hospital. Também tem cumprido obrigações com funcionários. Se há divergências entre Conselho e diretoria, é hora de se reunirem, discutirem com maturidade e buscarem um alinhamento. A renúncia, diante da grandeza da causa — que é a continuidade do atendimento à população —, soa como uma solução simplista para um problema que exige grandeza e sacrifício.
 
A Prefeitura, como parceira institucional, também precisa se posicionar. Não é com ameaças ou apenas com o envio de ofícios ao Ministério Público que vamos construir um futuro sólido para o hospital. Fiscalizar e exigir faz parte, apontar falhas também. Mas é preciso mais: quem vai segurar o leme da gestão?
É hora de pacificar os ânimos, trazer à tona, com responsabilidade, o que afinal tornou o ambiente tão desconfortável — sem fofocas, sem exageros, sem boatos que circulam sem  comprovação.
 
E um bom exemplo de como é possível conciliar crítica construtiva com ação concreta vem agora mesmo: o hospital deve receber mais de R$ 200 mil em recursos destinados pelo deputado Ivan Valente (PSOL), para ações de parto humanizado — verba conquistada com o apoio do grupo Rede de Amparo à Mulher de Piraju(RAMP), que é bastante crítico à forma como o hospital e médicos tratam essa área, mas que, em vez de apenas acusar, cobram e foram buscar um caminho objetivo.
 
Hora de colocar a mão na consciência, senhores conselheiros. Ou convocar a imprensa — toda ela, não apenas um veículo —, colocando as cartas na mesa e prestando os devidos esclarecimentos e ou indignações sem apostar em divisões. Falando clara e francamente para não manchar com desconfiança reputações e fragilizar ainda mais uma instituição que vem resistindo há mais de um século — e que, acima de tudo, precisa continuar de pé no dia a dia  abrigando a comunidade de Piraju e região.
O momento é de lucidez e paciência, virtudes que não têm contra indicação. E também é hora de criar causas e condições para resolver o que precisa de empenho e o que deve ser encarado. Que o Hospital que já abrigou tantos de nós e de nossos familiares e amigos, não seja uma vítima fatal do embaraço e da suscetibilidade desse momento.