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Para ajudar na formação do filho, Edmilson Gonçalves, 37, de Craibas, Alagoas, aceitou o desafio de aprender a ler e escrever em braile junto com Arthur, de 7 anos. As aulas acontecem por meio de uma plataforma digital e são oferecidas gratuitamente pelo projeto Enxergando o Futuro.

Arthur tem uma doença rara na retina, a Amaurose Congênita de Leber. Progressiva, ela pode comprometer até 100% da visão ao longo dos anos.  Atualmente, o menino tem baixa visão em ambos os olhos. Em um, ela é considerada moderada e no outro, severa. “No início fiquei sem chão. Não conseguia nem brincar com ele, pois me sentia inútil diante de uma doença que não tem cura, nem tratamento”, conta. Os pais foram orientados por um oftalmologista a procurar um especialista quando o filho completasse três anos. “A suspeita era de retinose pigmentar, contudo, diante de outros problemas apontados pelos exames o diagnóstico foi inconclusivo.”

 Insatisfeito com a situação, Edmilson começou a pesquisar e descobriu que um laboratório dos Estados Unidos estava oferecendo gratuitamente um teste genético em parceria com algumas clínicas brasileiras. “Esse teste é muito caro. Por meio de um grupo do Facebook, o Retina Brasil, que consegui entender melhor o procedimento e recebi todas as orientações necessárias para realizar esse teste, que confirmou a Amaurose Congênita de Leber.”

Aprendendo com as pontas dos dedos

E foi por meio de outro grupo, o Retina Pernambuco que o professor de matemática conheceu o Enxergando o Futuro. “Eu achei que aprender braile a distância seria algo muito difícil. Mas quando começamos as aulas percebi que era possível. A didática e a metodologia utilizadas pelo projeto tornam bem simples o aprendizado. Estamos aprendendo juntos, na mesma turma. A alfabetização em braile irá beneficiá-lo no futuro e dará mais independência ao Arthur. Poder fazer algo por ele e com ele é muito gratificante”, relata Edmilson que atualmente está se especializando em educação especial para deficientes visuais.

 

O projeto social Enxergando o Futuro foi criado pela empresária Daniela Reis Frontera que, aos 23 anos, foi diagnosticada com uma doença rara nos olhos. Com dificuldade em encontrar um profissional ou uma instituição para aprender braile, ela criou o projeto para levar a alfabetização ao alcance de todas as pessoas com deficiência visual ou baixa visão. Atualmente, Daniela tem 20% da visão. 

As aulas do projeto começaram em novembro de 2019, na cidade de Duartina (SP), com 10 alunos. Devido à pandemia e ao isolamento social para conter o novo coronavírus, o ensino migrou para uma plataforma on-line, o que gerou muita procura. Atualmente, mais de 240 alunos de 24 estados brasileiros, além do Distrito Federal, têm acesso ao projeto, além de alunos de Portugal, África do Sul e Inglaterra. 

 

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