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Distúrbios Respiratórios do Sono: o impacto no dia a dia

Postado à, 453 dias atrás | 6 minutos de leitura

Distúrbios Respiratórios  do Sono: o impacto no dia a dia
Gleison Marinho Guimarães, médico especialista em Pneumologia e Medicina do Sono, revela estudos que comprovam os malefícios das noites mal dormidas
 
Muitas pessoas não levam em consideração o papel fundamental de uma boa noite de sono no desempenho profissional. Isso porque atenção, coordenação motora, ritmo mental e principalmente o alerta são influenciados diretamente pelo estado de fadiga de um sono não reparador. De acordo com Gleison Marinho Guimarães, médico especialista em Pneumologia pela UFRJ e em Medicina do Sono pela ABMS, esta necessidade de repouso varia de pessoa para pessoa e pode levar a consequências tanto na saúde física, quanto mental. “Distúrbios neurais, cansaço, sonolência, irritabilidade, ansiedade, depressão, problemas 
sexuais e estresse são sintomas comuns de noites mal dormidas ou a falta de um sono adequado, que aumenta o risco de erros e acidentes nos mais diversos locais de trabalho”, alerta.
 
Um estudo realizado pelo Departamento de Medicina Respiratória da University of British Columbia, publicado pela Sleep Medicine em dezembro de 2007, mostra que pacientes com Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono (SAOS) podem ter impacto negativo sobre sua performance no trabalho. Neste documento, foram usados métodos para avaliar a sonolência diurna e a limitação para atividade no trabalho. Em determinado grupo de trabalhadores, evidenciou-se diferença entre portadores de apneia leve e grave em relação ao tempo de capacidade administrativa e interações mentais e pessoais.
 
A pesquisa seguiu em busca de evolução nos pacientes. “Aproximadamente 50 pessoas foram avaliadas novamente e 33 usaram o aparelho de CPAP (Pressão Positiva Contínua nas Vias Aéreas), mostrando uma melhora significativa entre a primeira avaliação com relação ao tempo de capacidade administrativa, mental, relação interpessoal e produtividade. A conclusão deste estudo revelou que existe forte relação entre sonolência excessiva e redução da capacidade laborativa em uma população propícia a ter apneia do sono”, pontua Guimarães.
 
Segundo uma pesquisa publicada pelo Frontiers in Sleep, em julho deste ano, apenas um terço dos adultos dos EUA relataram sono restaurador, o que é alarmante.
 
Para confirmar que a presença de distúrbios respiratórios durante sono causa impactos negativos nos gastos em saúde, uma pesquisa publicada pelo Journal of the American Geriatrics Society, em fevereiro de 2008, revelou que gastos em saúde dois anos após diagnóstico de apneia foram quase duas vezes maiores que no grupo de controle. “A conclusão desse estudo mostra que pacientes com o distúrbio possuem uma alta taxa de utilização dos serviços de saúde por comorbidade cardiovascular e uso de medicações com propriedades psicoativas”, relata o especialista em Medicina do Sono.
 
A apneia obstrutiva do sono (AOS) é altamente prevalente e é um fator de risco reconhecido para acidentes automobilísticos. Assim, regulamentos europeus oficiais relativos à aptidão para dirigir levou a Sociedade Respiratória Europeia a estabelecer uma força-tarefa para abordar o tema da apneia do sono, sonolência e direção, com o objetivo de fornecer uma visão geral aos médicos envolvidos no tratamento de pacientes com o distúrbio, além de estabelecer regulamentos que restringem a capacidade dos pacientes com AOS de dirigir até serem tratados, mesmo reconhecendo  o difícil acesso ao diagnóstico dos distúrbios respiratórios do sono.
 
 
De acordo com o pneumologista, o impacto econômico provocado pelo distúrbio não se limita aos gastos na área da saúde. “A apneia do sono quando não tratada está associada à baixa performance laborativa, doenças ocupacionais e o impacto econômico desse quadro envolve bilhões de dólares por ano. É importante que os órgãos governamentais divulguem os grandes benefícios da terapia adequada com CPAP, por exemplo, melhorando a vida e o dia a dia de pessoas portadores da apneia do sono”, finaliza.
É médico especialista em Pneumologia pela UFRJ e pela Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), especialista em Medicina do Sono pela Associação Brasileira de Medicina do Sono (ABMS) e também em Medicina Intensiva pela Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB).  E outras inumeras titulações no Brasil  Instagram @dr.gleisonguimaraes e no Twitter @drgleisonpneumo.