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A partir desta segunda-feira, 4 de agosto de 2025, a população poderá visitar a exposição “Imigrantes de Piraju”, no hall de entrada do Centro de Convenções Dr. Richardson Louzada, a partir das 19h30. A mostra é uma homenagem às famílias que ajudaram a construir a identidade cultural da cidade.

A exposição foi idealizada pelo Departamento Municipal de Cultura da Estância Turística de Piraju, com apoio da Loja Maçônica Cavaleiros do Sul. Ao longo de três meses de trabalho, foram digitalizados mais de 1.300 documentos originais de estrangeiros, conservados em pastas centenárias. O acervo estará disponível ao público com recurso de busca por sobrenome.

Além da exibição visual, com objetos e quadros da época, o visitante poderá consultar, no local, documentos de familiares imigrantes e solicitar cópia digital por WhatsApp. Um dos quadros em destaque é o de Paschoal Dattoli, imigrante italiano que chegou a Piraju em 1903, vindo da cidade de Terra Nova di Pollino, região da Basilicata, sul da Itália. Paschoal não consta na lista de imigrantes de Piraju porque veio como turista e acabou ficando. Ele é avô de Richardson Louzada, patrono do centro que sedia a exposição, e tem vários netos e bisnetos na cidade.

Iniciativa

A iniciativa da exposição, que começa na segunda, dia 4 de agosto, conta com o apoio da Loja Maçônica Cavaleiros do Sul e é coordenada por Mário Dino, diretor municipal de Cultura, e organizada por funcionários do Departamento de Cultura e do acervo municipal de Piraju.

► Centro de Convenções Richardson Louzada
► Segunda-feira, 04 de agosto
► 19h30
► Entrada gratuita

Saiba mais

Não tem como falar de uma exposição de estrangeiros sem citar o trabalho impecável, feito há muitos anos, pelo professor pirajuense Antonio Alves da Fonseca.

Dados coletados e organizados num blog pelo senhor ANTONIO ALVES DA FONSECA, onde estão a relação nominal de centenas de estrangeiros na cidade de Piraju e onde você pode clicar em cada um dos nomes e abrir a história daquele imigrante. Clique no link a seguir Estrangeiros Piraju.
Só clicar e já entra na página do Sr. Antônio, onde, na lista de estrangeiros em azul, você clica no nome que desejar pesquisar e abre uma descrição daquele imigrante no nome que o leitor quiser pesquisar.

O conteúdo desse arquivo, que está numa das páginas da Prefeitura, é um resumo de 1.373 processos dos estrangeiros da cidade de Piraju, arquivados na Delegacia de Polícia, de acordo com o Decreto-Lei nº 341, de 17 de março de 1938, que regula a apresentação de documentos por estrangeiros ao Registro de Comércio — organizados e explicados um a um pelo Sr. Antônio.

Que essa exposição possa mostrar aos pirajuenses a importância que os nossos irmãos imigrantes ou migrantes — venham de onde vierem — ainda hoje ajudaram e ajudam a construir nossa história. 

Que políticas discriminatórias, como estamos assistindo nos Estados Unidos, em Gaza e outras partes do mundo, sejam rechaçadas pelas pessoas de bem deste país, deste estado de SP e desta cidade e região. 

Que tomemos consciência, com uma exposição tão significativa, de que não é o dinheiro que deve mover as relações entre as pessoas de várias nacionalidades e etnias, mas o respeito e a igualdade de direitos.

Vamos tomar cuidado para que não haja retrocesso na nossa história e façamos valer os ideais — ainda hoje mais vivos que nunca — da Revolução Francesa: liberdade, igualdade e fraternidade.
A exposição de Piraju vem numa hora muito boa para reafirmar esses valores. Louvável a iniciativa da Loja Maçônica Cavaleiros do Sul de viabilizar, com o Departamento de Cultura, esse trabalho.

Hora também de lembrar de conceitos cristãos, destacados pelo então Papa Francisco sobre esse tema, propondo quatro verbos que sintetizam várias ações em benefício dos migrantes. São eles:

Acolher, disse, significa, antes de tudo, oferecer a migrantes e refugiados possibilidades mais amplas de entrada segura e legal nos países de destino. Isso implica dar suporte legal na entrada, permanência e até a saída deles dos países.

Proteger significa assegurar a defesa dos direitos e da dignidade dos migrantes e refugiados, independentemente da sua situação migratória, ou seja, garantir assistência médica, psicológica e social básica para socorrer quem deixa tudo.

Promover significa assegurar a todos — migrantes e residentes — a possibilidade de encontrar um ambiente seguro onde se possam realizar integralmente. Esta ação parte do reconhecimento de que cada pessoa é única, não é substituível e nem descartável, precisa ser ouvida em sua língua e respeitada culturalmente.

Integrar significa empenhar-se num processo que valorize, simultaneamente, o patrimônio cultural da comunidade que acolhe e o patrimônio dos migrantes, construindo assim uma sociedade intercultural e aberta.

Para o Papa Francisco, "a Igreja sabe das angústias vividas pelos que abandonam seus países e  caminha e sofre com cada um".

Com certeza, cada um daqueles que estão nos livros do arquivo de estrangeiros — ou não, mas que aqui se fixaram e deram origem às famílias que hoje estão em Piraju, sejam de que condição econômica forem — tiveram suas angústias e saudades.
Visitar a exposição em Piraju e fazer uma pausa para reflexão é uma forma de reverenciar essas memórias e, especialmente, aprender e tomar refúgio no desprendimento e coragem dos nossos antepassados.

Em tempo - Um agradecimento especial ao funcionário do Acervo/Cultura o maestro Luiz Fernando Scarcella pelo empenho junto ao Departamento organizando todo material dessa exposição.