João Reimão foi um dos artistas mais expressivos das artes pirajuenses. Sua trajetória em Piraju além da escultura passa pelo pioneirismo em uma fundição que fez trabalhos para toda a região. Neste texto sua filha que também é artista plástica, Isadora Reimão se despede do pai, uma pessoa muito querida na comunidade de Piraju para onde veio no final da década de 70 e onde fez sua história. Foi diretor de Cultura numa das gestões de Francisco Rodrigues e a praça que existe na vila Tibiriçá após a Igrejinha do lado direito é obra e luta sua.
Sem esquecermos que fora daqui ele já era um artista e publicitário de grande reconhecimento.
João era casado com Lúcia Arruda Reimão, e Isadora é filha deles. POde-se dizer que a alegria era sua marca.
Leia o texto.
Painho partiu, por Isadora Reimão
Quase ninguém costuma estar preparado para a morte. Ninguém sabe lidar, as palavras são falhas, a gente fica inteiramente nu diante da tempestade da impermanência.
Não é nada fácil. Mas vou dizer uma coisa: eu ouso celebrar. Celebrar o fato de que tive um pai tão amoroso. Um pai que plantou profundas sementes de amor, liberdade, arte, beleza e poesia no meu coração. E regou, cultivou todos os dias. E comemorou com grande entusiasmo as frutas e flores que brotaram nesse jardim. “Você é livre, filhá. Faz o que você quiser.” Ele me ensinou isso. Que nós podemos realizar.
E não foi só comigo que ele compartilhou essas sementes. Tantas pessoas que eu nem conheço quando sabem que sou filha do João me contam histórias maravilhosas. Me contam que riram com ele, festejaram com ele, aprenderam com ele.
Eu hoje celebro toda a sua obra. Esse cara passou pelo planeta e deixou um rastro ardente de criatividade. Um rastro contagiante. Um rastro de pura vida.
E hoje o melhor que faço é agradecer o tempo que pude desfrutar da sua companhia e ter a generosidade de soltar da sua mão, e permitir que outros seres, em algum lugar, possam desfrutar da sua presença tão radiante, amorosa, audaciosa e realizadora.