Agosto é Lilás: Médica do ESF Jurumirim fala dos impactos da violência na saúde da mulher
Postado à, 16 dias atrás | 5 minutos de leitura
Como parte das ações do Agosto Lilás, mês dedicado à conscientização e ao enfrentamento da violência contra a mulher, a médica Gabrielle Briani, que atua no ESF Jurumirim, concedeu entrevista à assessoria de imprensa do Hospital de Piraju. A conversa integra a série de conteúdos semanais que, sempre acontece às sextas-feiras, às 9 horas da manhã, e trára temas relacionados à campanha.
Nesta primeira participação, a médica destacou os impactos da violência na saúde, os tipos de violência previstos na lei e a importância de buscar ajuda.
Pergunta — Estamos iniciando o mês de agosto. Qual a importância dessa campanha para a saúde das mulheres?
Dra. Gabrielle Briani — Olá, estamos começando o mês de agosto e reforçamos a importância da conscientização e do enfrentamento à violência doméstica contra a mulher. A violência doméstica é uma grave violação dos direitos humanos, que afeta diretamente a saúde física, emocional e psicológica das vítimas.
Na área da saúde, atuamos na escuta qualificada, no acolhimento e no encaminhamento adequado para as mulheres em situação de violência. Nosso compromisso é garantir que essas mulheres recebam atenção integral, com respeito, sigilo e empatia, além de orientação sobre os seus direitos e recursos disponíveis na rede de proteção.
A violência não é apenas física, ela pode ser psicológica, sexual, patrimonial ou moral. Muitas vezes os sinais aparecem primeiramente na saúde: ansiedade, depressão, dores inexplicáveis, tentativa de suicídio, entre outros sintomas. Por isso, é fundamental que os profissionais de saúde estejam atentos e preparados para identificar possíveis casos, acolher essas mulheres com sensibilidade e quebrar o ciclo de silêncio que muitas vezes perpetua essa violência.
Pergunta — Quais são os tipos de violência contra a mulher e como agir em cada caso?
Dra. Gabrielle Briani — A violência física é a mais conhecida, e já temos muito costume de fazer a denúncia. A violência sexual também é reconhecida. Mas precisamos lembrar da violência psicológica, que envolve insultos, xingamentos e ameaças; da violência moral, que é a difamação; e da violência patrimonial, que acontece, por exemplo, quando a pessoa retém bens, não permite que a outra trabalhe ou tenha acesso ao próprio dinheiro.
Todos esses tipos de violência contra a mulher podem e devem ser denunciados. Aqui em Piraju, temos órgãos capacitados para acolher essas mulheres. Também é possível ligar para o número 180, que é um instrumento federal de acolhimento e orientação.
Pergunta — Qual é a relação entre a violência e o surgimento de doenças?
Dra. Gabrielle Briani — Aqui no Postinho de Saúde, acolhemos muitos pacientes, inclusive muitas mulheres vítimas dessas violências. Eu sempre explico que algumas doenças podem ser desencadeadas por conta dessa violência, como doenças autoimunes, hipertensão, diabetes e problemas cardíacos.
Por isso, é fundamental não deixar de denunciar e procurar auxílio quando sofrer qualquer um desses tipos de agressão.
Pergunta — O Hospital de Piraju vai promover alguma atividade especial neste mês?
Dra. Gabrielle Briani — Sim. No dia 19 teremos uma palestra sobre o enfrentamento à violência doméstica. Em breve, divulgaremos mais informações sobre o local e o horário.