O bilionário Ricardo Faria, dono da Granja Faria e autodenominado “rei do ovo”, resolveu atacar o Bolsa Família, um dos mais bem-sucedidos programas de transferência de renda do mundo. Em entrevista à Folha de S.Paulo, no mês de junho, o empresário declarou que os pobres estariam “viciados” no benefício, e que isso tornaria o Brasil um “desastre para quem quer contratar”.
A fala repercutiu mal — e com razão. O jornalista Bernardo Mello Franco que é colunista do Globo e apresenta um pod cast foi demolindo numa coluna genial a fala do rapaz disparando: “Será?”, disse ele logo no início do comentário, em tom de incredulidade. “A ideia de que os pobres estão viciados em ajuda do Estado é velha, preconceituosa e desmentida por todos os dados da economia”, afirmou.
Faria, o rei do ovo, "é um expoente de um tipo de elite econômica que enriqueceu no Brasil e agora tenta posar de formuladora de políticas públicas sem nunca ter estudado o tema a fundo. Começou com lavanderias, virou dono de granjas e hoje é bilionário, figura na Forbes e transita entre políticos em Brasília. Mas, ao que parece, sua sensibilidade social não evoluiu junto com a conta bancária".
Dados desmentem o empresário
“Nos últimos anos, o Bolsa Família cresceu — e o emprego formal também”, lembrou Bernardo. “O país fechou 2024 com 6,2% de desemprego, o menor índice da série histórica.”
Para derrubar de vez o argumento do bilionário, o jornalista ouviu o economista Marcos Hecksher, do Ipea. Segundo ele, nenhum estudo sério comprova a tese do chamado ‘efeito preguiça’. O que existe, isso sim, é a recusa ao trabalho aviltante, com más condições e salários miseráveis.
Ironia das ironias, Bernardo destacou que a própria Granja Faria paga, em média, R$ 1.670 mensais a um operador de produção, valor quase colado ao salário mínimo.
"Trabalhador pobre quer emprego, não esmola"
Outro dado citado no programa por Bernardo: quase 99% das vagas de trabalho geradas no último ano foram preenchidas por pessoas inscritas no Cadastro Único — ou seja, o público que recebe ou já recebeu o Bolsa Família.
Bernardo foi direto: “O que falta a certos empresários é humildade para entender que nem todo pobre quer ser explorado. E que salário baixo e jornada abusiva não são opção de dignidade.”
O Bolsa Família, criado com base em experiências internacionais e premiado por instituições como o Banco Mundial, reduziu a fome, combateu a pobreza extrema, aumentou a frequência escolar e movimentou a economia nos rincões do país, relatou o jornalista. "Atacar esse programa — e ainda com clichês batidos — é, no mínimo, ignorância. No máximo, má-fé".
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Trecho da coluna no @jornaloglobo. Leia o texto completo em oglobo.com.br/bernardo
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