Desde a idade média as feiras livres sempre foram locais de encontro. Quem não gosta de uma feira ?
Na quarta-feira na cidade de Piraju então, é muito bom ver no lugar que mais retrata a cidade, aquele ir e vir de barracas por todos os cantos, legumes, verduras, cheiros verdes, plantas, flores, artesanato, frutas fresquinhas e tudo mais, com direito a pastel, pizzinhas, churros,yaksoba, pães, doces, pamonha e outros produtos de milho etc
Ai no meio da muvuca da feira da Lua um encontro sempre acontece. O que vamos descrever agora, de cara poderia parecer um choque inusitado , no sentido de esquisito. Mas não.
Pare a imagem. Dá um print na cena. Congela aí...
O que houve ? Na verdade foi o fluxo natural das coisas, aquilo de estarem todos no mesmo lugar no exato momento e ter alguém para registrar as causas e condições.
Nessa esquina (voltamos a cenários de águas passadas) já vimos muitos palanques montados em épocas que a politica era feita habitualmente no corpo a corpo. E os eleitores não tinham celulares, essa coisa que nos escraviza e liberta ao mesmo tempo.
E as fotos eram reveladas em papel fotográfico da Kodak em preto e branco com a asa de filme de 100 rebubinado puxado para 400 e um certo desfoque ao fundo.
Tudo revelado manualmente.
Oscar Ikeda tinha uma loja na esquina da 13 de maio com a João Hailer e ali trazia às vezes por encomenda filmes de 400 asas uma coqueluche na época especialmente para quem começava sua vida de fotógrafo amador. Algo inimaginável para o pessoal de hoje. Coisa quase de museu.
Eu usava muito em comícios. De Maria Rita Pescarine, Darcy de Campos, Chico Pipoca e depois de Chico Novaes, José Ribeiro, Sérgio Garcia.
Lembro-me que numa ocasião Dr. Marcelo Henrique de Almeida, um dos grandes nomes do PT de Piraju, num desses palanques, ali precisamente onde é hoje a feira da Lua, levava seu filho Marcelinho que fica sentadinho ao seu lado enquanto ele discursava. Também recordo do irmão do Dr. Flávio Amorim (não lembro o nome) que fotografei fazendo um discurso ao lado do Dr. José Ribeiro, cabisbaixo e sério, de branco no palanque montado bem na esquina da praça (Carlos de Campos com a João Hailer), numa eleição que se pensava perderiam e ganharam de lavada, mesmo com voto vinculado.
Aquele lugar da feira da Lua, aquela esquina marcante, tradicional nos encerramentos de campanhas e comemorações cívicas. Ali houve recepções a Ademar de Barros, Jânio Quadros e tantos outros nomes históricos.
Na política municipal, muitos diziam que quem fizesse o último comício ali ganhava eleição. Aconteceu com José Ribeiro duas vezes e com Chico Pipoca numa delas. Mas será que a regra se confirmou outras vezes ? Juravam que era assim.
Professor Miguel Cáceres poderia nos esclarecer isso, mas a impermanência já o atingiu e partiu. Nelson Meira também se foi e com certeza poderia no seu jeito amistoso relatar essas lendas, ele que também foi vice-prefeito.
Hoje o celular e um certo treino que começou em máquinas analógicas, nos proporciona um registro ideal do que acontece no exato instante e não dá pra perder.
Já era assim. Fotografia sempre uma surpresa.Uma vez um professor me disse que para uma boa foto eu não poderia pedir licença ao general para fotografar a estrela que caia do peito da sua farda. "Ou fotografa ou perde a foto".
E assim no começo de noite de quarta, no lugar mais representativo de Piraju estavam todos aqueles nomes na feira. Dando a maior sopa.
O ex- vereador João Boaideiro, o consagrado jornalista Dirceu Cabral (virtual nome do PT a prefeito de Piraju) ele mudou-se para a cidade, o prefeito José Maria, o diretor administrativo Paulo Sara (que nos contou que deixará a pasta para assumir a Saúde segunda- feira a Saúde). E ainda o prefeito de Sarutaiá, Isnar e o professor Montilha que já foi militante da ala mais conservadora do ex- prefeito Maurício Pinterich.
Os registros feitos pelas lentes do celular da Folha de Piraju estão ai em alguns cliques.
Numa das fotos, também Raimundo Aguiar, que passou pelo local e não resistiu em parar e fazer um comentário.
Novos scripts. E o tema dá para fazer uma crônica cheia de análises políticas lembrando que no passado Piraju abriu espaço para quem veio de longe como o General Ataliba Leonel, Quinzinho Camargo e também José Maria. O primeiro era advogado vindo do Largo São Franscisco, o segundo jornalista com cursos até nos EUA e o terceiro contador, veio a Piraju para gerenciar o cine Jardim, viveu aqui, foi vice- prefeito, foi embora e retornou décadas depois querendo o destino em mãos inexplicáveis e soberanas que se elegesse prefeito por 2 vezes.
Mas essas memórias (nem sei mais se tem alguém que possa contar essa história) deixo para os analistas de cada ala partidária, todos sempre de plantão, e para o José Roberto Montagner que deve saber falar muito bem desse tema. O prefeito atual não é mais candidato e há nomes de várias direções a caminho.
O resumo desse relato é que um encontro como esse merecia uma foto.
Um colóquio na feira, com esse clima amistoso mostra que um ambiente mais pacífico poderá se instalar nas relações políticas de Piraju. Pelo menos por enquanto.
Carlos Pneus que sempre está na feira da Lua, justamente neste início de noite acabou fora da foto, mas só porque ainda não tinha chegado.
Numa próxima vez faremos outra foto se o acaso favorecer. Em outras convergências outros registros virão ao sabor dos acontecimentos.
Vi esse de quarta-feira, 19 de julho, dia nacional do futebol, como uma oportunidade de mostrar que a a história no presente é rápida, ao vivo e em cores.