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POLICIAIS ESSES LIVROS , POR CARLINHOS BARREIROS

Postado à, 337 dias atrás | 6 minutos de leitura

POLICIAIS ESSES  LIVROS , POR CARLINHOS BARREIROS
Está longe o Dia Nacional do Livro: 29 de outubro. Enquanto ele não chega, debrucemo-nos sobre um dos segmentos mais interessantes da Literatura: os livros policiais. 
Atribui-se ao escritor americano Edgar Allan Poe (1809-1849) a formatação do gênero como ele é conhecido até hoje com “Os Crimes da Rua Morgue”, de 1841. No romance, somos apresentados ao detetive Dupin, que depois ainda estrelaria mais dois livros de Poe, consagrando a fórmula. 
Depois do Dupin de Poe, Arthur Conan Doyle criaria e popularizaria o mítico Sherlock Holmes, detetive inglês de cachimbo e sobrecapa xadrezes que, entre outras aventuras, saiu ileso das mordidas do “Cão dos Baskerville”, um dos grandes clássicos do gênero. 
Escritores famosos ou personalidades de outras áreas distintas das Artes que não a Literatura nunca se cansam de elogiar as qualidades de dois romances de Agatha Christie, ícones e referências absolutas quando se trata do gênero policial: “O Assassinato de Roger Ackoyd” ((1926) e “O Caso dos Dez Negrinhos” (1939) este depois rebatizado pelo politicamente correto de “ ... E Não Sobrou Ninguém”. Agatha, a grande Dama do Crime, ainda alinhavaria entre seus êxitos retumbantes os cativantes e misteriosos “Morte na Praia” e “Assassinato no Expresso Oriente”, inaugurando o conceito do “whodoneit ?”, que traduzido livremente poderia soar como “quem matou?” Mas “Ackoyd”, com seu viés absolutamente revolucionário e surpreendente pode ser considerado, sem sombra de dúvida, O Grande Romance Policial de Todos os Tempos. Por essas e por outras é que Agatha é a escritora mais vendida de todos os tempos: 1 bilhão de exemplares em livros na língua inglesa e outro bilhão em livros em outros idiomas. Christie só perde para a Bíblia.    
Intelectuais famosos e respeitados, quando resolveram arriscar-se nas letras, escolheram o policial como porta de entrada. 
Foi assim com o italiano Umberto Eco, que em 1980 lançou o assombroso “O Nome da Rosa”, sobre crimes e pederastia numa abadia de monges considerada bastante respeitável até cadáveres começarem a se amontoar. Sucesso de vendas e de crítica, Eco nunca mais voltou aos policiais em sua prolífera carreira de escritor, mas “Rosa” é lido e relido até hoje com enorme prazer. 
  
 Aqui no Brasil, Jô Soares fez uma releitura de Sherlock Holmes Made in Brazil no divertido “O Xangô de Baker Street” (1995), que brincava com o gênero. Também êxito de vendagens e de crítica, Jô, ao contrário de seu colega italiano, manteve-se fiel aos policiais, perpetrando outras pérolas como “O Homem Que Matou Getúlio Vargas” e “Assassinato na Academia Brasileira de Letras”. 
 
Em tempos mais recentes, três livros se sobressaem com seus respectivos títulos que já viraram clássicos: “O Silêncio dos Inocentes” (1988), de Thomas Harris que transposto para a telona virou filme de enorme sucesso. Tem gente que considera “O Silêncio ...” como o policial perfeito e não conseguimos achar nada que possa contradizê-los. 
O sombrio “Os Homens Que Não Amavam As Mulheres”, primeiro volume da trilogia “Millenium”, do sueco Stieg Larsson entrou para a história dos livros policiais por sua trama rocambolesca e inaugurou no Ocidente o boom da Literatura Escandinava (da melhor estirpe) para todo mundo ler. Tristemente, também pesou no sucesso mundial do livro o fato que seu autor não chegou a ver sua trilogia publicada: tombou fulminado por um enfarte aos 50 anos, antes de “Os Homens...” ganhar as livrarias. 
Guardei para o fim os melhores livros policiais (na minha opinião) da safra recente, todos oriundos da Suécia também: “Sombras de Outubro”, também conhecido (por causa da série da Netflix) como “O Homem das Castanhas” (2019), de Sorem Sveistrup, uma história na qual eu desafio qualquer um a descobrir quem é o assassino, nessa trama escura cheia de detalhes sórdidos e macabros. Depois vem a trilogia de Lars Kepler (pseudônimo da dupla de escritores Alexander e Alexandra Ahndoril) composta de “Stalker”, “O Caçador” e “Lazarus”, que precisam ser lidos na sequência e dão prosseguimento a uma narrativa absolutamente viciante, repleta de violência, tortura e brutalidade onde ninguém consegue parar de ler até o final surpreendente. 
“Who done it?” poderiam perguntar-nos Poe, Agatha e Conan Doyle, entre tantos mortos amontoados ao longo de seus romances. 
E nós responderíamos, satisfeitos: nós o fizemos, sim, pois adoramos um bom policial !  
O autor é escritor, já tem livro publicado. Começou sua carreira escrevendo para o jornal Folha de Piraju no final da década de 80 e também passou pelo jornal Observador e Jornal da Cidade e atualmente é colaborador de blogs e desta plataforma folhadepiraju.com