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Segunda-feira Santa: Maria e Judas

Postado à, 42 dias atrás | 5 minutos de leitura

Segunda-feira Santa: Maria e Judas
Prof. Dr. Pedro Ferreira de Lima Filho
Na trajetória da Grande Semana Santa, a Segunda-feira destaca-se por um evento de profundo simbolismo: o momento em que Maria unge Jesus com perfume precioso. Esse gesto, carregado de amor e devoção, transcende o ordinário, refletindo a reverência e o respeito que ela nutria por Ele.
 
No Evangelho de São João está escrito: “Maria, tomando uma libra de perfume de nardo puro, muito caro, ungiu os pés de Jesus e enxugou-os com seus cabelos; e a casa encheu-se do cheiro do perfume” (Jo 12,3).
 
Nesse épico episódio da narrativa joanina, percebemos o quanto a atitude de Maria é um ato de sacrifício e devoção, prenunciando os eventos que estão por vir. Ela, em sua simplicidade e fé inabalável, expressa sua devoção sincera por meio deste gesto singular.
 
No entanto, a cena não está livre de conflitos. Judas, um dos discípulos de Jesus, repreende Maria por considerar o ato como um “desperdício” de recursos que poderiam ser empregados em benefício dos menos afortunados. 
 
O Evangelho de São João descreve: “Mas um dos seus discípulos, Judas Iscariotes, que mais tarde haveria de traí-lo, protestou: ‘Por que este perfume não foi vendido por trezentos denários e o dinheiro dado aos pobres?’ Ele não disse isso porque se preocupava com os pobres, mas porque era ladrão; sendo responsável pela bolsa de dinheiro, ele costumava tirar o que nela era posto” (Jo 12,4-6).
 
Note-se que sua crítica aparentemente altruísta esconde uma motivação mais sombria: a ganância e a traição que estão se formando em seu coração. Para Judas, o valor material supera o espiritual, e sua perspectiva distorcida o leva a condenar um ato de amor puro.
 
Essa dinâmica entre Maria e Judas revela a complexidade da natureza humana e as tensões que permeiam os ensinamentos de Jesus. Enquanto Maria personifica a pureza do amor e da devoção, Judas representa a falibilidade e a corrupção que podem se infiltrar até mesmo entre aqueles que estão mais próximos da verdade. 
 
Para o Evangelista São Mateus, esse dilema é descrito da seguinte maneira: “Deixem-na”, disse Jesus. “Por que vocês a estão perturbando? Ela praticou uma boa ação para comigo” (Mt 26,10).
 
Essa dualidade de natureza entre Maria e Judas é retratada na repreensão de Judas, paradoxalmente, ressaltando a grande ironia da situação: aquele que deveria ser um dos maiores defensores do amor e da compaixão se torna um crítico implacável, cego para a verdadeira essência do que está acontecendo diante de seus olhos.
 
A história de Maria ungindo Jesus e a repreensão de Judas nos convida a refletir sobre nossas próprias motivações e a considerar se estamos verdadeiramente alinhados com os princípios de amor e compaixão que Jesus ensinou. Eis a grande lição de reflexão e ação para nós.
 
Neste momento determinante da Grande  Semana Santa, somos confrontados com perguntas sobre valores, prioridades e a verdadeira natureza do sacrifício de cada um de nós em defesa dos menos favorecidos, dos pobres e dos invisíveis da sociedade. 
 
O que fazemos por eles? Nada! Pouco! Talvez! Ou terceirizamos nossas ações de caridade às instituições que muitas vezes não desempenham seus papeis essenciais, assim como as políticas públicas sociais ineficazes do Congresso Nacional que muitas vezes priorizam apenas a si mesmas e aos seus pares. 
 
Prof. Dr. Pedro Ferreira de Lima Filho é Articulista, Assessor Executivo, Colunista Especial, Correspondente Jurídico, Polímata, Servidor Público Concursado de Carreira, Leitor Crítico, Filósofo, Pedagogo, Teólogo, Especialista em Educação Especial e Inclusiva, Pós-graduado em Ensino Religioso, Mestre em Bíblia, Doutor em Teologia e Professor Universitário nos Cursos de Graduação e Pós-Graduação no Brasil e no Exterior. E-mail: filho9@icloud.com