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Voltar Quem recolhe nosso lixo ? por Maria Ângela (Laka)

21/JUL - 21
JUL
Quem recolhe nosso lixo ? por Maria Ângela (Laka)

À noitinha recebemos
aqui na Folha
uma foto e uma
reclamação. Aí
contemplando a cena
pensamos: vamos
valorizar o trabalho
dos
funcionários da
limpeza pública em
vez de só criticar.
Reclamação de que
os garis colocam (o
termo foi amontoam)
lixo no meio da rua
para pegar depois. A
reclamação foi de um
motorista que reside
em outro bairro, mas
precisou trafegar por
aquele local.
Vemos isso acontecer
em alguns pontos da
cidade, porém há que
se ter compreensão
de que o trabalho
dos funcionários da
limpeza pública é
bastante insalubre
e que essa talvez
seja a forma que
encontraram de
agilizar o serviço.
Talvez deixar numa
esquina seria mais
adequado, como
fazem em outras
áreas da cidade. Mas
não vamos criticar
o trabalho, de quem
em tempos de
pandemia tem atuado
nos bastidores sem
trégua, e com muita
organização e boa
vontade.
Nós, muitas vezes,
mal separamos
o nosso lixo, só
colocamos os sacos
no portão, na lixeira
ou na rua e não
pensamos mais no
assunto. Enquanto
eles trabalham para
nós nesses dias frios
estamos sossegados
e confortáveis dentro
de nossas residências.
Vamos fazer um
exercício e imaginar
quem são essas
pessoas anônimas que
chegam e levam nosso
lixo ? Incansáveis,
trabalhando em
horários adversos,
que tal lembrar que
eles têm família
como todos nós,
ganham menos do
que merecem porque
é inegável vivemos
numa sociedade
desigual, e então
seguir dando um
desconto nas críticas
sem querer tudo
perfeito ?
Com certeza
esses valorosos
profissionais acharão
um local fora do meio
da rua para colocar
os pacotes do “nosso
lixo” das outras vezes
e vai ficar tudo bem.
Vamos ser mais
tolerantes com quem
nos serve dignamente
diariamente mesmo
na pandemia.
Queremos ser felizes,
nos livrar do lixo e
eles, fazendo esse
serviço que muitos
enxergam com
descaso e indiferença,
exatamente como
todos, também
querem ser felizes.
O dualismo de eles
e nós só existe na
humanidade que
prega a divisão.
Vamos aspirar que
esses trabalhadores
possam prestar
seu serviço com
tranquilidade, não
vamos exigir deles
o que quase nunca
exigimos de nós e
dos mais próximos, e
valorizar esse pessoal
que batalha tanto
para ganhar seu pão.
Ouvi esta semana
uma prece que
terminava dizendo
assim: “que eu possa
ser um navio para
aqueles que têm
oceanos a cruzar, uma
ponte para os que têm
rios para atravessar, e
um servo para todos
que precisam”.
Vou transcrevêla
aqui para vocês
no trecho que me
enviaram e foi
composta no século
VIII por Shantideva:
“que eu me torne em
todos os momentos,
agora e para sempre
um protetor para os
sem proteção. Um
guia para aqueles
que perderam o seu
caminho, um navio
para os que têm
oceanos a cruzar, uma
ponte para os que
têm rios a atravessar,
um santuário para
aqueles em perigo,
uma lâmpada para
aqueles sem luz,
um lugar de refúgio
para aqueles que
não têm abrigo e um
servo para todos que
precisam.”
E nos parece que oito
séculos antes, Jesus
de Nazaré, pregava a
tolerância e tratava a
todos com bondade e
compaixão.
Tudo isso para dizer
que estamos hoje
sendo chamados a
uma comunicação não
violenta e a sermos
menos reativos.
Todos nós
individualmente e
coletivamente. Já
não bastam as tantas
mortes e situações
de intolerância que
temos testemunhado
por parte de quem
deveria ser exemplo.
O caso dos servidores
da limpeza pública
nos ajuda a refletir
sobre como
podemos começar
uma mudança
revolucionária
na nossa cidade a
partir de pequenas
reações, liberando
nossa mente e
evitando picuinhas
desnecessárias por
tão pouco.
Essa lição de casa
fica aqui para todos,
incluindo a mim,
principalmente.
Não será fácil, mas
é possível começar
imediatamente,
com boa vontade e
motivação correta.