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Voltar OS ESCOMBROS DO TITANIC E OUTRAS BOBAGENS  por Carlinhos Barreiros

06/JUL - 06
JUL
OS ESCOMBROS DO TITANIC E OUTRAS BOBAGENS por Carlinhos Barreiros

Acompanhei sem um pingo de interesse e o mínimo de empatia as buscas pelo Titan, submersível que mergulhou no Atlântico Norte no último dia 18 com a finalidade de dar uma “espiadinha” nos destroços do Titanic. Excursão marítima frustrada que resultou em tragédia.
E assim como eu, parece que muita gente também pouco se importou com o acidente, haja visto a invasão de memes debochados e sem piedade que inundam a internet desde que o sinistro ocorreu. Ninguém liga para tragédias envolvendo gente rica. Lá no fundo, bem fundinho, o populacho até gosta, dá risada e torce contra.   
A bordo, cinco tripulantes, todos homens e milionários. Pobre vai no Parque Beto Carrero, os metidos a classe-média high fazem empréstimos e vão a Disney, com a esposa gorda e os filhos pestinhas ao redor. Os muito ricos, por sua vez, fazem viagens ao espaço ou, como no caso, ao fundo do oceano. O tédio dos que fazem parte daquele clubinho seleto de quem possui 1 bilhão de dólares na conta bancária é difícil de ser aplacado. 
Eu, nem de graça, iria ver restos do Titanic, aquele amontoado de ferro retorcido coberto de cracas e vagamente nojento. Foi Hollywood e o resto da cinematografia mundial quem glamourizou o naufrágio do transatlântico, em  versões p & b, mil documentários e depois no blockbuster de James Cameron (“Titanic”, 1997) que ganhou 11 Oscars. O navio afundou em 1912, no Atlântico Norte, depois de ter seu casco rompido após o choque com um iceberg. Depois do filme de Cameron, a exploração do local do naufrágio parece ter virado um imenso set cinematográfico, tamanho o movimento ali embaixo. Bem, nem tanto assim, já que os destroços se encontram a 4 mil metros de profundidade, em pleno breu: local mais aconselhável para os habitantes de profundezas tão insondáveis. 
Um dos efeitos colaterais do desastre do Titan acabou sobrando para o ex–ministro de Bolsonaro, o pascácio Marcos Pontes (PL), alcunhado pela imprensa de “astronauta de Bauru” (pobre Bauru) que tal como seu patrão preguiçoso – Jair, durante seu mandato de deputado federal pelo Rio de Janeiro - nada fez pela pasta, a não ser usá-la para eleger-se senador, ora vejam pois! Pontes também vendia “pacotes” de viagem ao Titanic a preços módicos, mas sua página na internet sumiu rapidinho depois que o Titan implodiu. Pena. Uma excursão marítima profunda com ele próprio, Bolsonaro e seus filhos, alguns militares e ministros da época seria muito bem recebida por grande parte da população brasileira. Quem sabe quando a poeira abaixar¿ E não podem se esquecer da Damares! Bota essa gente a bordo do “Titan 2”! 
O implodido “Ocean Gate”, feito com fibra de carbono, não resistiu à tremenda pressão de profundezas abissais e acabou virando estrelinha (do mar). O material usado para sua construção, fibra de carbono, parece ter sido o responsável pelo sinistro. Especialistas avaliam que deveria ter sido usado titânio e ainda descartaram a engenharia de aviação usada no mergulho fatídico: acham que deveria ter sido aplicada a tradicional tecnologia de imersão, amplamente conhecida e testada. James Cameron, por exemplo, já desceu 33 vezes até o Titanic e voltou para casa são e salvo. 
Enfim, para completar, é absolutamente inverídico - uma infame fake new - que os cinco tripulantes do Ocean Gate, enquanto ainda vivos, estivessem escutando Celine Dion em “My Heart Will Go On”(tema do filme campeão de bilheteria) na hora da explosão. O submersível deixou de emitir sinais de vida apenas uma hora e 45 minutos após sua descida. Então, qualquer especulação nesse sentido torna-se mera inverdade. Mas uma coisa é certa: como o pequeno submarino nem banheiro tinha, não foi lá que seus tripulantes, apavorados, se espremeram esperando o desenlace final.
 
► O autor deste texto Carlinhos Barreiros:  é escritor e jornalista colaborador de várias plataformas digitais.  Escreveu o livro “Insânia, o lado escuro da Lua”  
e prepara uma nova obra para breve.  Já venceu concurso de contos e foi colaborador dos jornais Folha de Piraju, Observador e Jornal da Cidade. Continua colaborando de forma especial com a Folha de Piraju. É também colaborador regular do blog  Farol Notícias de Itaí. Também escreve para  um projeto do Jornal da USP.