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09/MAR -
09
MAR
O TAMBORIM E A SONDA por José Carlos Santos Peres
Recomendações de sempre, com capítulo especial para o lixo: que se colocar na lixeira muito antes do caminhão o gato do vizinho arranha as sacolinhas; se demorar, o lixeiro passa...
Ajeitou o coque na piranha, não sem antes renovar o desodorante; shortinho branco desfiado e um último sorriso para o espelho: não suporta batom tingindo dente.
- Durmo na casa da Val; a comida está na geladeira com a maionese e a Coca. Volto amanhã. E não fique aí vendo o Corinthians que te dá batedeira. Ah, o remédio para a pressão está na gavetinha.
A casa no silêncio. Com ela é aquele bater de panelas sem fim, cadeiras sobre a mesa numa faxina interminável.
Gosta de solidão. Mas naquela noite, com a micareta fervendo na praça, não havia como ficar estendido no sofá ouvindo o Luís Roberto gritar, a cada ataque do Botafogo: sabe de quem?
Meteu-se numa regata, herança da última excursão ao Guarujá; calção carregado no azul, tênis do neto, com brilho no calcanhar; meião preto e branco, lenço 100% Jesus e a carteirinha do SUS.
Recolheu o cão na fartura, apagou as luzes, fechou a linguinha do botijão, e se perdeu pela calçada: olha a mangueira aí, geeente.
XXX
Coração na boca. Vodca, para dar samba.
Então o olhar varreu: o brotinho quer ser minha colombina por uma noite só e nada mais?
Aparelhinho nos dentes refletindo o holofote da praça: Ah? Não! Não sou colombiana, não. Pur mode que sou do bairro Primec mesmo, tio.
Dançou uma dança estranha... Mais uma Vodca, e outra e outra. De repente sente as pernas fraquejarem, o suor frio, as mãos trêmulas...
Vasopril? Na gavetinha...
A menina foi descendo, rebolando e subindo; subindo e rebolando...
Acordou horas depois, na sonda; a mulher, com batom nos dentes, levemente irritada:
- Você “se esqueceu se” de colocar o lixo na rua, meu velho.