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FEV
“Nossa Senhora da Silva” por Pe. Luiz Antônio Pereira
A devoção a Nossa Senhora da Silva está ligada a uma antiquíssima tradição ou lenda, segundo a qual a origem desta invocação mariana, se deve ao fato de uma imagem de Nossa Senhora, em pedra toscamente trabalhada, ter sido encontrada por um pedreiro no meio de um “silvado”, isto é, entre as moitas de “Silvas”, plantas medicinais da família das rosáceas, que em tempos remotos crescia no local onde foi erguida uma capela. Esta capela teria sido mandada construir por D. Mafalda, aquela de Saboia, mulher de D. Afonso Henriques.
Por ser grande devota desta imagem, outra D. Mafalda, aquela que era filha de D. Sancho I, infanta de Portugal e rainha de Castela, por um período breve de tempo, ofereceu muitos ornamentos e joias. D. Mafalda tornou-se monja cisterciense, tendo revitalizado o mosteiro feminino de Arouca. Foi beatificada em 1793 pelo Papa Pio VI e, é venerada sob o nome de “Rainha Santa Mafalda”.
Na Catedral do Porto, Sé, existe uma imagem de “Nossa Senhora da Silva”, não aquela que foi encontrada no meio das silvas, mas uma outra do século XIV em calcário policromado.
Todas as imagens da Virgem Maria, sob os mais diversos nomes ou títulos, se encontram a serem veneradas normalmente no rés do chão das ermidas, capelas, igrejas ou santuários, o que não acontece com a imagem de Nossa Senhora da Silva. De fato, a capela de Nossa Senhora da Silva é a única capela da cidade do Porto, de que se tenha conhecimento, que fica num primeiro andar.
Este curioso edifício, que surpreende quem percorre a pé a Rua dos Caldeireiros pela primeira vez, é, desde o século XV, a casa da Confraria de Nossa Senhora da Silva. A sua fachada exibe um belíssimo oratório do século XVIII com as imagens de Nossa Senhora da Silva, São João Batista e São Baldomero, devidamente protegidas por uma cobertura em talha.
A casa e o respectivo nicho fazem parte do antigo hospício de Nossa Senhora da Silva. No interior do edifício fica a capela-oratório propriamente dito, que, em outros tempos, era, juntamente com uma albergaria, administrada pelos ferreiros, caldeireiros e anzoleiros, instalados aí no século XV.
No interior do edifício existe um pequeno pátio, que separava os dois referidos hospitais e tinha portas interiores de comunicação, hoje inexistentes, tal como o oratório de Santa Catarina.
A parte do prédio que dá para a “Rua de Trás” foi, em outros tempos, um hospício para peregrinos estrangeiros, com a denominação de “Hospital de Santa Catarina”. Este andar, onde outrora esteve instalado o hospital de São João Batista, serve hoje de secretaria e capela de Nossa Senhora da Silva, nele habitando também o contínuo da referida confraria. Ainda hoje aí se acolhem irmãs pobres da Confraria de Nossa Senhora da Silva.
Rogamos à Virgem Maria sob este título que nos proteja: “Nossa Senhora da Silva! Rogai por nós”!
A Capela de Nossa Senhora da Silva é a única capela da cidade do Porto, em Portugal que fica num 1º andar.