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Voltar As mulheres de Chico Buarque de Hollanda, por Luiz Rocha

14/FEV - 14
FEV
As mulheres de Chico Buarque de Hollanda, por Luiz Rocha

A Rita levou meu sorriso, meus vinte anos e meu coração, enquanto Madalena foi pro mar e eu fiquei a ver navios. Toda gente homenageia Januária na janela, que malvada se penteia e não escuta quem a apela. Já Carolina, nos seus olhos fundos, guarda a dor de todo esse mundo. 
 
Anda Maria, pois eu só teria a minha agonia pra te oferecer. Na Geni jogaram pedra, porque ela foi feita pra apanhar. Angélica só queria embalar seu filho que mora na escuridão do mar. 
 
Será que ela é moça? Será que ela é triste? Será que é o contrário? Será que é de louça, o rosto da atriz? E se eu pudesse entrar na sua vida? Sim, me leva para sempre Beatriz. Bárbara, Bárbara, nunca é tarde, nunca é demais. Se é pra morrer, quero morrer contigo Iolanda. 
 
Essas são algumas das personagens femininas que Chico Buarque narrou em suas canções. Rita deu um fora em Chico, e levou tudo o que pode. Homero colocou Penélope a ver navios, esperando seu Ulisses. Já Madalena foi pro mar e se libertou das amarras de uma sociedade machista, deixando o homem a clamar por seu retorno ao lar. Januária e Carolina tem uma janela, frequente metáfora de Chico Buarque para a observação da sociedade. Uma é cortejada, enquanto a outra prefere não olhar para o exterior. Assim como Rita e Madalena, Maria partiu deixando o errante eu lírico em sofrimento. 
 
Geni, uma travesti, é marginalizada, condenada e objetificada pela sociedade conservadora. Angélica é a estilista brasileira Zuzu Angel, que não pôde dar um enterro digno a seu filho Stuart, brutalmente assassinado pelos ditadores militares brasileiros. Beatriz, a musa que guia Dante Aligheri pelos níveis do paraíso, se torna com Chico Buarque uma trapezista, por quem um estudante de medicina se apaixona. Bárbara tem uma paixão bárbara por Ana de Amsterdã, uma prostituta. A jovem cubana Yolanda dá nome a uma das mais belas poesias contemporâneas.
 
Canções eternas que imortalizaram belíssimos nomes femininos no imaginário popular dos brasileiros agradável e positivamente, ao contrário das recentes Renata ingrata, Jenifer to Tinder e Rita da facada.