04/SET -
04SET
A grade, poema de Carlos Alberto Muzille
A Grade
derrubei pedra
sobre pedra em mim
no desejo de todos
de ser qualquer coisa
sucumbi com a boca
costurada de grades
nada sobrevivi
senão desta sensação
em ser o nada
a casca da cigarra que já foi
toda cânticos e amorosa de árvores
lampreia agora fantasma a seco
pairando no grude dos galhos
apenas como lembrança dos dias
o sol não é o centro
nem o céu a face
não há imagem ao sul
nada que ame a semelhança
senão pela ótica de si
O poeta- Carlos Alberto Muzille, da tribo peixe amarelo, mora em Piraju/SP, e conta somente com alguns invernos. A quem interessar possa graduou-se superior em Processamento de Dados e nunca exerceu profissão na área. Antes estudou teoria musical no Conservatório Dramático Musical de Tatuí/SP. De versos anteriores plasmou-se em “Alma Lesma” [Ed. Atrito Art, 2007] com lançamento no Festival Londrix, 2008. De outros versos, prosas e peripécias espalhou-se nos jornais [Cadernos VIP, Observador, Folha de Piraju], coletâneas [VI CLIPP, 2012, Microcontos de Piracicaba, 2012, 2014, Coletânea o Verso da Violência, 2015] e revistas [Poesia Sempre, n° 21, 2005, Germina Literatura,2016]. Atualmente assina a coluna “Estórias de um Rastro”, no site da USP, Registro Digital da Memória e do Turismo da Estância Turística de Piraju. Aspiração maior é escrever até o epitáfio.